Exploração:1418-1419
Inicio do povoamento:1425
Autonomia: 30 de abril de 1976
População: 262.456hab.
Área: 740,7 km² do Arquipélago da Madeira.
Origem vulcânica.
Situa-se na costa sul (32º 38'N, e 16º 55 w)
Descoberta:
A ilha da Madeira “que é a principal Ilha”, situada no
oceano Atlântico a 400 milhas da costa do Marrocos, forma com a ilha de Porto
Santo o Arquipélago da Madeira. Fica a uma distância de 978 km do continente
português. Com uma superfície total de 740,7Km2, a Ilha da Madeira está situada
entre os paralelos 30 e 33º N, em pleno Oceano Atlântico. Descoberta em 1419
por Tristão Vaz Teixeira, João Gonçalves Zarco em 1419, que apelidou a ilha de
Madeira devido à quantidade dessa matéria-prima.
Uma das teorias dos Historiadores é que as ilhas de Porto
Santo e Madeira tenham sido descobertas pelos romanos e que ficaram conhecidas
como "Ilhas Púrpuras", mas é muito controverso e não se chegou há um
consenso. O trigo foi a primeira atividade agrícola importante,
inicialmente produzido para a própria subsistência dos Madeirenses, mais tarde,
este passou a ser item de exportação para o reino (Portugal).
Depois veio o ciclo da cana-de-açúcar, rara na Europa na
época, que atraiu a ilha muitos comerciantes de origem judaica, genovesa e
portugueses da península.
A partir do século XVIII é que o vinho se tornaria o mais
importante produto já que a Cana-de-açúcar entrou em declínio devido a novas
áreas de cultivo como Brasil (1530) e Tomé e Príncipe, abalou profundamente a
economia madeirense.
Os primeiros colonizadores eram membros da nobreza
portuguesa e trouxeram para a ilha, trabalhadores e artesãos vindos do Norte de
Portugal os privilégios especiais concedidos a quem colonizasse a Ilha, nestes
primeiros anos de exploração, aliciaram igualmente grandes empresários da
Europa, que desde cedo se aperceberam das potencialidades da Madeira na
exploração de ligações com importantes mercados de exportação.
Embora não se saiba com precisão quais e quando foram
plantadas as primeiras vinhas, julga-se que os primeiros colonizadores
trouxeram consigo variedades que já existiam no Minho. No entanto, registos
históricos do navegador veneziano Alvise da Mosto, conhecido por Luís
de Cadamosto, que datam de 1450, evidenciam a introdução da casta Malvasia
Cândida nos primeiros anos de colonização. O navegador refere que «…de entre as
várias castas, o Infante D. Henrique mandou plantar terrenos com Malvasia que
foi enviada de Candia (capital da Creta) e que estão a se desenvolver
muito bem…», e ainda tece elogios, no seu diário de viagens, à exportação de
vinho e à sua boa qualidade.
Ao longo do século XV, a área de cultura da vinha foi
aumentando, tendo como consequência o incremento das exportações, mas será sem
dúvida a descoberta da América por Cristóvão Colombo, o acontecimento que
marcará determinantemente a história do Vinho da Madeira.
Desta época contam-se episódios envolvendo personagens
históricas onde a notoriedade do Vinho Madeira, no estrangeiro é já é
evidencia. Consta que em 1478 Georges, Duque de Clarence, irmão de Eduardo IV,
rei de Inglaterra, ao ser condenado à pena capital pela Câmara Alta, escolheu
morrer afogado num tonel de Vinho Malvasia.
O vinho Madeira
O vinho Madeira é um vinho estilo generoso, e
como tal fortificado, com elevado teor alcoólico, produzido nas encostas e
adegas da Região demarcada Ilha da Madeira. A sua produção remota quase a
descoberta da ilha. A produção de vinho foi estimulada pela necessidade de
abastecer os navios da rota do atlântico tanto para o novo mundo, bem como para
as índias, e pela presença de Ingleses na ilha, que tornaram o vinho conhecido
em toda Europa e America. Logo era o preferido em banquetes e mesas requintada
nas cortes e em suas respectivas colônias.
A região
Trata-se de uma paisagem única e caracterizada pela orografia acidentada do relevo. As condições particulares do solo de origem vulcânica, na sua maioria basálticos, e a proximidade ao mar, associadas às condições climatéricas, em que os verões são quentes e úmidos e os Invernos amenos, conferem ao vinho características únicas e singulares.
Trata-se de uma paisagem única e caracterizada pela orografia acidentada do relevo. As condições particulares do solo de origem vulcânica, na sua maioria basálticos, e a proximidade ao mar, associadas às condições climatéricas, em que os verões são quentes e úmidos e os Invernos amenos, conferem ao vinho características únicas e singulares.
Os terrenos agrícolas caracterizam-se por declives muito
acentuados, que regra geral se encontram sob a forma de socalcos, designados
por poios. A água de rega na Madeira é captada nas zonas altas da
ilha é conduzida através de canais denominados de “levadas” que integram
um impressionante sistema de 2150Km canais. O sistema de condução mais tradicional é o da “latada” (pérgola), no qual
as vinhas são conduzidas horizontalmente. O século XX trouxe a introdução do
sistema de condução em espaldeira, que, no entanto, só pode ser utilizado em
terrenos com declives menos acentuados.
Entre meados de Agosto até meados de Outubro, processa-se a
vindima num ritual majestoso, durante o qual há uma incrível concentração de
esforços, uma vez que a orografia acidentada e o sistema de minifúndio,
dificulta todo o processo de vindima, que ainda hoje é totalmente manual.
Processo de vinificação
Nas Adegas, é feita uma triagem das uvas para avaliação do
estado sanitário. Após serem pesadas e verificado o grau alcoólico provável
pelo refractômetro (instrumento de medição do teor em açúcar da uva) é feita a
seleção do tipo de uvas, de acordo com o tipo de vinho que se pretende obter. A
partir daqui, dá-se início ao delicado processo de transformação. O mosto
resultante da prensagem é sujeito a uma fermentação, que pode ser parcial ou
total, e posterior fortificação.
O processo de fortificação consiste na paragem da
fermentação com a adição de álcool vínico a 96% vol. A escolha do momento da
interrupção da fermentação faz-se de acordo com o grau de doçura pretendido
para o vinho, podendo-se, com este procedimento, obter quatro tipos de vinho: o
seco, o meio-seco, o meio-doce e o doce. Findo este processo, os vinhos podem ser submetidos a um dos
dois processos de envelhecimento: “Estufagem” ou “Canteiro”.
Envelhecimento
Os processos de envelhecimento utilizados para o Vinho
Madeira são a «Estufagem» ou o «Canteiro».
Estufagem
O vinho é colocado em estufas de aço inox, aquecidas por um sistema de serpentina, por onde circula água quente, por um período nunca inferior a 3 meses, a uma temperatura entre os 45 e 50 graus Celsius. Concluída a «estufagem», o vinho é sujeito a um período de «estágio» de pelo menos 90 dias à temperatura ambiente. A partir deste momento pode permanecer em inox, ou ser colocado em cascos de madeira, até reunir as condições que permitem ao enólogo fazer o acabamento do vinho, para que possa ser colocado em garrafa, com a garantia de qualidade necessária. No entanto, estes vinhos nunca podem ser engarrafados e comercializados antes de 31 de Outubro do segundo ano seguinte à vindima. São vinhos maioritariamente de lote.
Canteiro
Os vinhos selecionados para estágio em «Canteiro» (esta
denominação provém do facto de se colocar as pipas sob suportes de traves de
madeira, denominadas de canteiros) são envelhecidos em cascos, normalmente nos
pisos mais elevados dos armazéns onde as temperaturas são mais elevadas, pelo
período mínimo de 2 anos. Trata-se de um envelhecimento oxidativo em casco,
desenvolvendo os vinhos, características únicas de aromas intensos e complexos.
Os vinhos de canteiro só poderão ser comercializados, decorridos pelo menos 3
anos, contados a partir de 1 de Janeiro do ano seguinte ao da vindima.
Atualmente as variedades de castas mais utilizadas na
produção de vinho Madeira são: Sercial, Verdelho, Boal, Malvasia e Tinta Negra.
No entanto, existem outras castas recomendadas e autorizadas.
Tinta Negra
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Sercial
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Verdelho
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Boal
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Malvasia
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Castas
da Madeira
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Castas
Recomendadas
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Castas
autorizadas
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Nome
principal
|
Cor
|
Nome
principal
|
Cor
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Bastrado
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Tinta
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Caracol
|
Branca
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Folgasão
(Terrantez)
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Branca
|
Carão-de-Moça
|
Branca
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Malvasia-Candida
|
Branca
|
Complexa
|
Tinta
|
Malvasia-Candida
Roxa
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Rosada
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Deliciosa
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Tinta
|
Malvasia
Fina
|
Branca
|
Listrão
|
Rosada
|
Sercial
|
Branca
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Malvasia
Branca de S. jorge
|
Branca
|
Tinta
|
Tinta
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Moscatel
Graúdo
|
Branca
|
Tinta
Negra Mole
|
Tinta
|
Rio-Grande
|
Branca
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Verdelho
|
Branca
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Triunfo
|
Tinta
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Verdelho
- Tinto
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Tinta
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Valverinho
|
Branca
|
Mais de cinco séculos de existência, permitem contar uma história de internacionalização que passa pelas mais diversificadas rotas de exportação, consoante as conjunturas internacionais, em que, a par das exportações para Europa, o grande destaque vai para as rotas com destino às Índias e Américas, entre os sécs XVI e XVIII, que no último caso se mantêm até aos nossos dias. A fama e prestígio deste Vinho, podem ainda ser atestados por inúmeros episódios, entre os quais, a celebração da independência dos Estados Unidos, em 1776, que foi comemorada com um brinde de Vinho Madeira!
Ao longo dos séculos os processos de produção vão-se
alterando e aperfeiçoando. No século XVIII é introduzido o método de
envelhecimento conhecido por estufagem, que irá caracterizar
definitivamente o Vinho Madeira, até aos nossos dias.
Muitas foram as personalidades, estadistas e personagens
míticas que se deixaram deslumbrar por este Vinho, de que são exemplos,
emblemáticos, George Washington e Thomas Jefferson, que eram profundos
conhecedores de Vinho Madeira ou Winston Churchil que nas suas visitas à
ilha teve oportunidade de o conhecer e apreciar. Mas são também conhecidas as
referências ao Vinho Madeira em obras literárias tais como as de
Sheakpeare.
O Vinho Madeira nasce para o mundo e a sua história é
marcada pela sua passagem nas mais variadas partes do globo, onde continua
a ser admirado e reconhecido.